Prevê-se que até 2050 a população mundial aumente, pelo menos, para 8,6 milhares de milhões de pessoas e 80% resida em centros urbanos. Isto implicará, a manterem-se as actuais práticas agrícolas, um acréscimo na ordem dos 109 hectares de novas áreas de terra arável (aproximadamente a área do Brasil) para produzir alimentos suficientes. Contudo, estima-se que actualmente 80% das terras propícias para a agricultura estejam já em uso por todo o mundo, 15% das quais degradadas por más práticas de gestão.
Foi perante este cenário que surgiu o conceito inovador de agricultura vertical, desenvolvido nos EUA, como potencial solução. Ainda em fase de projecto, é uma nova abordagem à produção em espaços fechados (como as estufas), na versão de edifício com vários andares – a quinta vertical. Estes edifícios pretendem-se de construção pouco dispendiosa, de operação duradoura e segura e funcionariam apenas imitando o processo ecológico, reciclando segura e eficazmente toda a matéria orgânica, bem como tratando a água usada nas culturas e transformando-a em água potável.
Dentre os potenciais benefícios associados a uma implementação alargada destes centros de produção alimentar urbanos, destacam-se:
O fornecimento sustentável e suficiente de alimentos durante o ano inteiro para toda a humanidade num futuro próximo.
A reconversão de áreas desocupadas do espaço urbano para a produção biológica de alimentos variados e de boa qualidade, permitindo eliminar a grande escala o uso de pesticidas e fertilizantes.
A reformulação da parceria com as indústrias químicas, no sentido de aferir e responder de forma segura às necessidades de uma grande variedade de espécies comercialmente viáveis de plantas para produção.
Uma concepção de raiz que permita optimizar os recursos energéticos (redução da energia fóssil utilizada no cômputo geral da agricultura) e reciclar totalmente a água utilizada para rega.
A preservação dos ecossistemas naturais, por enquanto protegidos das práticas agrícolas, o restauro de actuais ecossistemas afectos à agricultura e a reconversão de grandes áreas a paisagem natural.
A reciclagem segura e eficaz dos resíduos orgânicos de origem doméstica e agrícola, com produção de energia através do gás metano obtido e a redução significativa de populações de pequenos animais e insectos nocivos à saúde.
A promoção da qualidade do ambiente urbano e da saúde dos citadinos, com a melhoria da qualidade do ar, maior controlo sobre transmissão de doenças infecciosas e o contributo para uma nova estratégia de conservação de água potável.
A minimização de prejuízos na produção, associados a factores climáticos.
A criação de novas oportunidades de emprego.
Para tornar-se realidade, este projecto requer pesquisa adicional em diversas áreas, incentivos económicos e cooperação entre sector privado, universidades e governos locais.
Mais informações
The Vertical Farm Project (em inglês)
Redução do impacte da agricultura nas funções e serviços do ecossistema – The Vertical Farm Project