Quintais produtivos

28/08/2010

por Pollyanna Quemel

Você já deve ter ouvido falar, ou aqui, ou ali, sobre os homegardens, ou em termo vulgar, quintais caseiros.
Ruthemberg e Price definem esse sistema como um complexo de plantas perenes ou semi-perenes, utilizados por pequeno agricultores com uma superfície de 1 ha (um hectare) e que se encontram próximos de suas casas.

Bom, o fato é que os jardins dos sonhos são sistemas biodiversos. E quem não sonha com um lugar lindo, verde, cheiroso, cheio de energias, em equilíbrio natural, que seja inspirador e exemplo de espaço de qualidade ecológica, e que tem como princípio a diversificação produtiva? Um lugar para reciclar o próprio lixo, melhorar a qualidade do solo, interagir as espécies animais e vegetais, conservar e renovar os recursos.

Fazer um quintal produtivo, ou mesmo explorá-lo, até porque são espaços predominantes, precisa inicialmente de uma leitura da paisagem para identificação das plantas úteis já presentes, das ervas nativas conhecidas e dos animais que também ajudam nessa interação. Dessa forma podemos deduzir outras espécies úteis que poderão fazer parte desse espaço.

O enfoque agroecológico é considerado muito importante nesse processo por reunir práticas importantes para a conservação do meio ambiente.

Várias são as formas de trabalhar esses espaços, resultando num diversificado ambiente com mais oxigênio, sombra para água fresca, cercas vivas, corredores de fauna urbana, conservação e perpetuação das espécies úteis. Tudo pode ser (re) aproveitado nos quintais!

Nos quintais produtivos temos imensa riqueza cultural. Para seu elevado potencial recomendam-se ter todas as espécies possíveis no ambiente do paisagismo sustentável, plantas para enriquecerem o sabor e o valor nutritivo dos alimentos, raízes, tubérculos, fruteiras, medicinais, ornamentais, além de espécies com outras utilidades. Ah, detalhe importante: mesmo em pequenas quantidades, é possível trabalhá-las para agregar valor e gerar renda, fica a critério do produtor o que beneficiar. Mas, o leque de opções pode ir desde mudas, às próprias sementes, temperos e etc.

Vale tanto o cultivo espalhado como o concentrado como, por exemplo, bordadura de cânfora, cobertura de solo com hortelã, cerca de manjericão com tomatinhos, cactos comestíveis, enfim, nessa relação homem/natureza a criatividade pode ultrapassar limites.

As cercas vivas nos quintais são um espetáculo! Pode ter ervas e arbustos, integrados com medicinais e trepadeiras (maracujá, coqueiros, abacaxi, bromélia, chuchus, feijões trepadores), enfim, toda a flora, criando um corredor de amizade e um microclima com sombra e umidade e o plantio de variedades mais desejáveis ou duradouras, pois produzem oxigênio, fazem fotossíntese, acumulam energia, filtram poluição, absorvem ruídos, diminuem a intensidade dos ventos, alimentam e abrigam animais, regularizam a temperatura e umidade, além de favorecer propagação espontânea das próprias sementes.

Essa produção pode subir a escada, conquistando o espaço vertical, com aproveitamento dos muros, que também podem ser elementos de integração e não somente de limitação, como pensa a maioria.

Um detalhe importante é que convém evitar cercas vivas muito altas, que possam barrar a entrada de luz, ameaçar as construções e dificultar o manejo das espécies.

Uma dica boa também é o aproveitamento de cultivo em escadaria, com degraus que facilitem, é claro, todo o manejo das plantinhas. Basta prever que as plantas mais altas fiquem mais próximas da divisa, e as mais baixas fiquem bem perto dos caminhos, com intermediárias no meio.

Bom, é fato que o ganho com os espaços produtivos é um recurso bastante divertido e prático, pois por menor que seja o espaço que alguém possua, varandas de apartamento, janelas, sacadas, terraços, salas, é possível transformá-los em canteiros produtivos, utilizando potes, pratos, garrafas, caixas, uma gama de objetos. Convêm apenas ter os cuidados necessários para mantê-los, pois sabemos que os recipientes não podem conter a famosa água parada, contribuindo para o desenvolvimento de larvas de insetos transmissores de doenças, como a dengue. Depois é só abusar dos conhecimentos sobre a adubação orgânica e compostagem, enriquecendo os vasos com as próprias folhas das plantas aliadas ao aproveitamento dos restos de alimentos, como cascas de frutas, legumes, e tudo mais que forem orgânicos crus.

Além do mais, esses espaços melhoram sua vida e a dos vizinhos. O bom de tudo isso é que se podem integrar plantas que precisam de sol e que se adaptam bem à sombra, como o gengibre, o agrião, as bromélias.

Depois disso tudo e algo mais é só continuar sonhando!

Quintais produtivos – Portal Agroecologia


Faça você mesmo: telhado de garrafas pet

24/08/2010

A tempos estive tentando criar em minha casa um ambiente ideal para minhas orquídeas, porém uma estufa, dessas que a gente paga pra fazer sai muito cara.

Pensando nisso até me veio a mente, criar minha propria estufa. Tinha no pensamento utilizar o telhado com garrafas PET, mas a falta de criatividade, não me permitiu visualizar como ligaria uma PET a outra.
Hoje, tive a grata felicidade ao acessar o “NING Permacultura Social Brasileira” de ler a sugestão do Sete Ecos para um telhado de baixo custo feito de PET.
Não pode-se dizer que uma solução 100% ecológica, já que ecológico mesmo seria a minimização da fabricação de plásticos, mas, a sua reutilização evita que as garrafas já utilizadas, tenham como seu destino rios, nascentes e oceanos.
Foi utilizado como molde um cano PVC 100mm com 20 cm de comprimento com uma abretura vertical para facilitar a entrada da garrafa PET.
Com um estilete corte o bico e o fundo da garrafa, você utilizará somente o meio.
Amasse o meio que você utilizará
Corte na marca que ficou quando você amassou
Grampeie um lado côncavo com um lado convexo como nesta imagem. Faça isto até conseguir o tamanho de telhado que você deseja.
Imagem do telhado pronto
Estufa coberta pelo telhado de PET.
Todas as fotos este post foram copiadas do NING Permacultura Social Brasileira e os creditos do telhado de PET são do Sete Ecos.
Fonte: Faça você mesmo: telhado de garrafa pet – A fada da natureza

Horta vertical para pequenos espaços

15/08/2010

por Giuliana Capello

Que tal uma horta na varanda do apartamento? Ou no cantinho da sala mesmo, perto da janela? A idéia é simples: se o espaço horizontal é pequeno, pense para cima e faça uma horta vertical.

Já vi hortas assim de várias maneiras. Tem gente que usa a parede ou o muro para instalar vasinhos com temperos, trocando os quadros de natureza morta por natureza muito, muito viva. Outros transformam as floreiras da janela em “verdureiras”. Outros cortam garrafas PET para pendurar com cordinhas no teto. E há aqueles que capricham na receita e montam cavaletes adaptados com suportes para “floreiras” que recebem hortaliças e ervas medicinais. Em um único cavalete, dá para sustentar cinco ou seis “verdureiras”.

Tudo em menos de um metro quadrado de área horizontal. Aliás, isso me lembra a espiral de ervas da permacultura. Já falei sobre ela aqui. Usando a criatividade, dá pra garantir, pelo menos, o chazinho de cidreira antes de dormir.

Outro modelo interessante foi desenvolvido em Jundiaí pelo empresário Eduardo Borges, que descobriu uma maneira de cultivar hortaliças e legumes em bombonas de plástico (sabe aquelas azuis, que a gente encontra por aí em lojas de material de construção?).

Ele corta uma das extremidades (para poder encher de terra e comporto orgânico ou húmus de minhoca) e faz até 24 furos nas laterais. Depois, preenche com pedriscos e terra e planta as mudinhas de hortaliças nos furinhos. Na parte de cima do tambor, fica a espécie que precisa de mais profundidade para crescer (como a cenoura, por exemplo) ou a que ocupa mais espaço (como os tomates). Tudo é 100% orgânico, sem qualquer tipo de agrotóxico, claro.

A experiência do Eduardo deu tão certo que ele montou uma empresa para vender os kits e manuais para cultivar hortas verticais. Acesse aqui o site e saiba mais.

Em poucas palavras, o segredo da horta vertical está na criatividade. É ela quem vai dizer qual o modelo mais apropriado para a sua casa e o seu jeito de viver. Não adianta ter uma horta enorme se você não vai ter tempo de cuidar dela, por exemplo.

Pensando de maneira mais global, a agricultura urbana é hoje um dos desafios para as cidades, que precisam buscar alternativas mais sustentáveis para a alimentação de seus habitantes.

A via é de mão dupla: os PRODUTORES devem cultivar seguindo a cartilha dos orgânicos e oferecer produtos de qualidade para os vizinhos. E os CONSUMIDORES devem dar preferência a produtos orgânicos produzidos localmente, ou seja, que além de terem baixa emissão de CO2 para a atmosfera (já que não precisaram viajar grandes distâncias para chegar à sua mesa) são mais ecológicos porque respeitam o solo, mais saudáveis porque não contêm agrotóxicos e mais justos socialmente porque oferecem oportunidades de emprego salubre e uma economia local mais fortalecida.

Em Cuba, quando começou o embargo dos EUA, a ilha se viu mais isolada do que nunca. Ficou difícil adquirir alimentos de outros lugares. Era preciso cultivá-los ali mesmo. Passados alguns anos, a dificuldade virou modelo de agricultura urbana. Ainda hoje, em quase todo quintal cubano existe uma horta para garantir o sustento familiar.

No Brasil*, o cultivo de alimentos nas médias e grandes cidades ainda está longe de conseguir suprir as necessidades dos moradores. Por isso, boa parte do que compramos ainda vem de longe e passa por vários intermediários que pagam pouco ao produtor mas cobram muito do consumidor.

Mais um motivo para você começar a produzir em casa. Invente um jeito de aproveitar o espaço que é abençoado pelo sol para gerar alimentos orgânicos para a sua família. (E me conta tudo depois, que eu adoro saber dessas curiosidades…)

* Em São Paulo, um projeto muito bacana chama-se Cidades Sem Fome e é coordenado pelo Hans Dieter Temp, fundador da ONG Organização Cidades Sem Fome. Atualmente, Hans ajuda a manter 21 áreas de plantio na zona leste da cidade, que beneficiam diretamente mais de mil pessoas.

“O projeto utiliza áreas públicas ou privadas que não têm utilização específica para a implantação e desenvolvimento de hortas, levando às comunidades carentes oportunidades de trabalho, capacitação profissional e geração de renda através da comercialização dos produtos. Outro objetivo é combater a desnutrição e melhorar a qualidade de vida das comunidades, através do acesso a alimentos saudáveis e nutritivos, e incorporar melhorias ambientais nas comunidades”, conta Hans Dieter.

Horta vertical para pequenos espaços – Giuliana Capello