Agricultor troca fumo por horta ecológica

07/02/2011

por Mário César Carvalho

“Não quero mais produzir veneno com veneno”. O agricultor Maiquel André Kloh diz isso não com a fúria dos panfletários, mas com um sorriso de quem descobriu uma alternativa de vida. O primeiro veneno da frase é modo como Maiquel, 23, chama o fumo, que seu pai, Lauro, 50, cultiva há 42 anos. O segundo são os agrotóxicos usados nesse tipo de lavoura. “Este é o último ano em que planto fumo. Só vou plantar coisas que vão para a mesa. E sem agrotóxico”, avisa o agricultor. Os Kloh integram um grupo de 30 famílias de produtores que já trocou ou está trocando o fumo por hortas onde não entram agrotóxicos -30 mil famílias vivem dessa cultura na região. Os motivos da troca envolvem ética, preocupações ambientais e sociais: 1- Não querem produzir algo que faça mal à saúde do consumidor e do produtor, como dizem; 2- Não querem degradar o solo com agrotóxicos e com a monocultura; 3- E não querem que o agricultor fique à mercê de um só cultivo e de um só comprador. “A nossa idéia é mudar a escala de valores do agricultor”, afirma o engenheiro agrônomo Sighard Hermany, 52, coordenador do Capa (Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor) em Santa Cruz do Sul (Rio Grande do Sul), entidade ligada à igreja luterana. A cidade, a 155 km de Porto Alegre, é o epicentro da indústria do cigarro no país e abriga o maior complexo de beneficiamento de fumo do mundo, da Souza Cruz. O Vale do Rio Pardo, onde fica a cidade de Santa Cruz, é responsável por um quinto do fumo produzido no Brasil.

Rentabilidade O economista Marco Antonio Vargas, 38, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que pesquisa a economia do tabaco, considera a experiência de Santa Cruz a mais importante do país no gênero. “Os agricultores conseguiram mostrar que é possível encontrar alternativas ao fumo no maior pólo da indústria do cigarro. Há dez anos isso seria impensável”, afirma o professor da UFRJ. Vargas prepara para a OMS (Organização Mundial da Saúde) um estudo sobre os resultados de Santa Cruz. A OMS tem interesse por essa experiência por causa da Convenção-Quadro. Esse acordo, aprovado por 193 países no ano passado com o objetivo de reduzir o tabagismo, prevê a substituição do fumo por outros cultivos para diminuir a oferta de cigarros. A dúvida que persegue toda experiência de alternativa ao fumo é uma só: será que dá para manter os ganhos com outra plantação? O fumo é uma das culturas mais rentáveis do país, segundo a Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), entidade que reúne os produtores: um hectare rende R$ 7.275 ao ano, enquanto milho e feijão propiciam ganhos de R$ 1.130 e R$ 810, respectivamente. Daí a sensação entre agricultores de que o fumo é um caminho sem saída. “Aqui no Sul não tem nenhuma cultura com uma rentabilidade maior do que o fumo”, diz Claudino Francisco Vaz, 53, que diz ter começado a trabalhar com essa cultura aos sete anos.

Ganhos sem fumo. A experiência de Santa Cruz mostra que esse axioma nem sempre é verdadeiro. A produção de hortifrutigranjeiros sem agrotóxicos pode garantir até uma renda maior, segundo Hermany. A história da cidade talvez ajude a entender o sucesso. A maioria dos agricultores são netos ou filhos de alemães. Falam tanto a língua de seus ancestrais que concordam dizendo “ja” (sim) e se despedem com “auf Wiedersehen” (até logo). A obsessão da Alemanha pela produção de alimentos sem agrotóxicos não é algo distante ali -a igreja luterana funciona como uma ponte entre os dois países. O casal Clécio e Lore Maria Stüp Weber, 45, que produz verduras e geléias, estima ganhar R$ 1.700 líquidos por mês. O ganho mensal do fumo por hectare, calculado a partir da estimativa da associação dos produtores, é de R$ 606. A produção dos Weber é vendida pelas duas lojas da cooperativa que o grupo criou (a Ecovale, da qual participam 80 famílias) e em 14 feiras que esses p rodutores realizam toda semana na região. O trabalho em grupo e a organização estão no cerne da experiência, segundo Hermany. “Individualmente, os produtores ecológicos não conseguiram sobreviver porque não haveria escala. A cooperativa e a organização fazem parte da lógica ecológica.” A maior dificuldade para mudar de cultura é que a safra do fumo tem compra garantida. Por isso, a saída é planejada. “A minha idéia é deixar o fumo em cinco anos”, diz Marcos Hinterholz, 35. Quer trocar de cultivo para não conviver com agrotóxicos e porque não consegue contratar ninguém para ajudá-lo: “Não existe mais mão-de-obra aqui”. Com as novas plantações, há também ganhos imponderáveis. O maior deles, de acordo com o agrônomo Jaime Weber, 42, é o conhecimento que os produtores passam a ter com a produção diversificada.

Erosão cultural. “A cultura do fumo causou uma erosão cultural nos agricultores. Eles recebem um pacote pronto das empresas do fumo e desaprendem tudo. Não sabem produzir sementes nem época das safras”, afirma o agrônomo. Quando param de produzir fumo, têm de receber assessoria do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor para reaprender o que seus pais já haviam ensinado, mas se perdeu com a monocultura.

fontE – – Folha de São Paulo em 09/08/04

Agricultor troca fumo por horta ecológica


Jardins urbanos da América

04/04/2010

por Betsy Taylor

Algo transformador acontece quando pessoas rodeadas por asfalto na cidade têm uma oportunidade de trabalhar a terra.
Eles plantam sua alma na terra e cultivam uma comunidade

Algo transcendental acontece quando as pessoas trabalham o solo, observam o tempo com atenção e admiram os ciclos repetidos de vida nova. Mas pode surpreender que esta religação com a Terra está acontecendo em centenas de bairros em centros metropolitanos de um lado a outro dos Estados Unidos. As hortas estão produzindo mais do que alimentos saudáveis para estas comunidades carentes. O resultado são índices de criminalidade menores, vizinhanças urbanas embelezadas e novo orgulho comunitário.

Cinco anos atrás, Karen Washington saiu de seu prédio no Bronx e olhou com desgosto para o “desmanche” do outro lado da rua — um lugar onde carros são desmantelados, abandonados e deixados para enferrujar. Ela se perguntou, “Eu me mudei para o Bronx para isto?” e decidiu que tinha que fazer alguma coisa a respeito dos lotes cheios de lixo ao redor de sua casa. Ela chamou todos os vizinhos e pediu que avisassem outros. Cansados de ser o depósito de carros abandonados do Bronx, Karen e seus amigos telefonaram para as autoridades da cidade, repórteres e o Bronx Green-up (tornar o Bronx verde), uma organização sem fins lucrativos. Depois de muitos telefonemas e reuniões de sala de estar, o entulho foi removido e em seu lugar floresceu um lindo jardim. Com a ajuda do Bronx Green-up, dúzias de pessoas de baixa renda passaram vários finais de semana preparando a terra e plantando arbustos, flores e hortaliças. Cinco anos depois, o jardim continua um lugar lindo, onde Karen e seus vizinhos encontram um refúgio e festejam periodicamente com um churrasco.

criança num jardim urbano
Criança num jardim recuperado em Nova Iorque

A história de Karen não é única. Só no Bronx do Sul, 34 novos jardins foram criados em 1995. De Oakland a Atlanta, moradores urbanos de todas as camadas da sociedade estão reivindicando lotes vagos, plantando jardins e desafiando estereótipos urbanos negativos. Ao mudar a paisagem urbana, estes jardineiros voluntários estão também reanimando a comunidade e redescobrindo a importância da natureza para sustentar o corpo e a alma.

Áreas verdes urbanas e projetos comunitários de jardinagem ocorrem em muitas cidades, desde os anos 60 e 70. Em Houston, a horticultura urbana foi primeiramente promovida como uma estratégia contra a fome. Um grupo local sem fins lucrativos, The Park People (O Pessoal do Parque), uniu criativamente 40 hortas locais a balcões de comida e cozinhas de sopão, garantindo que os sem-teto e pessoas carentes recebessem alimentos nutritivos. Agora, O Pessoal do Parque está criando uma rede mais ampla de pomares e canteiros de ervas por toda a cidade.

Em New Orleans, com mais de 10.000 lotes vagos, jardins comunitários são um raro sinal de revitalização urbana. A cidade tem o índice de homicídio mais elevado do país e mais de 30% dos residentes vivem abaixo do nível de pobreza. No entanto, durante a última década, mais de 12.000 cidadãos voluntários ajudaram a regar, capinar, limpar, cortar a grama e plantar 1.200 hectares de espaço verde. Depois que o residente de quatro anos de idade, Mikey Stewart, foi assassinado, os cidadãos se uniram para criar o Jardim do Mikey, um monumento à paz e cura da metrópole. O jardim destaca os tênis de Mikey banhados em bronze e um recipiente cheio de revolveres para sempre silenciados por uma camada de concreto.

Brenda Funches, uma ativa jardineira e organizadora comunitária em Los Angeles, fez o inventário dos jardins comunitários de Los Angeles, imediatamente após os motins de 1992. Ela constatou que, mesmo nos bairros mais atingidos — onde a maioria das construções foi queimada e quase todo resto destruído — os desordeiros haviam respeitado os jardins. Enquanto nada mais foi poupado, os jardins serviram como um campo comum, quase sagrado, no meio do conflito mortífero. Após a agitação civil, a cidade de Los Angeles encomendou um levantamento dos residentes do Centro-Sul de Los Angeles, para melhor entender suas preocupações e necessidades. Setenta e sete por cento ( 77% ) dos residentes nos bairros mais atingidos pelos motins indicaram a melhora de parques e áreas de recreação como “absolutamente crítica” para a restauração de suas comunidades. Um encontro dos chefes das gangues também provocou pedidos de mais árvores, mais jardins e menos lotes cheios de lixo.

O Fundo de Áreas Naturais de Boston está ajudando 700 famílias de baixa renda a preservar hortas nas áreas infestadas por crimes. Em 1996, essas hortas geraram mais de 1 milhão de dólares em produtos agrícolas, assegurando alimentação saudável para muitas famílias carentes. Em 1998, o Fundo ajudou a comunidade hispânica de Boston a criar pelo menos três novas hortas e um parque comunitário.

Mark Francis, um professor da Universidade da Califórnia, em Davis, realizou uma ampla pesquisa sobre os benefícios das áreas verdes urbanas. “A participação ativa dos residentes locais aproxima as pessoas e promove recreação e responsabilidade mútua pelo lugar.

Esses esforços cooperativos para melhorar os espaços abertos urbanos freqüentemente aumentam a cooperação em outros aspectos da vida na vizinhança. Grupos comunitários, que inicialmente trabalham juntos para criar ou proteger um jardim comunitário, continuaram a enfrentar questões adicionais, incluindo problemas de criminalidade, desenvolvimento juvenil, educação, habitação e emprego.

O Ministério de Agricultura dos Estados Unidos encomendou um estudo do efeito das áreas verdes urbanas na área de Chicago. Em seu relatório, foram catalogados os muitos benefícios de jardins e parques. “A área verde de Chicago refresca a cidade, limpa o ar, poupa energia,limita emissões de dióxido de carbono e reduz correntes e alagamentos provocados por tempestades. Proporciona oportunidade para recreação e descanso, um habitat para a vida selvagem, valoriza as propriedades, oferece educação sobre a natureza e torna ruas e bairros mais atrativos.

Outro estudo publicado na revista Science enfocou os benefícios psicológicos e salutares das áreas verdes. De acordo com esse estudo, pacientes submetidos a cirurgias num hospital do subúrbio da Pensilvânia, com janelas voltadas para um jardim, se recuperaram mais depressa, receberam mais comentários positivos das enfermeiras e tomaram menos medicamentos do que doentes em quartos similares, com as janelas dando para a parede de tijolos de um prédio.

Programas de implantação de áreas verdes também têm um impacto acentuado nos índices de criminalidade. De acordo com o Conselho Nacional de Prevenção ao Crime, os policiais da Filadélfia observaram uma relação direta entre lotes vagos, prédios abandonados e altos índices de criminalidade. A polícia do 26ºdistrito da Philadelphia trabalhou junto com o grupo sem fins lucrativos Philadelphia Green para ajudar os cidadãos locais a limpar lotes vagos e implantar jardins. Hoje, o índice de criminalidade nesta área diminuiu acentuadamente, e as crianças, que ajudaram a implantar os jardins alguns anos atrás, são adolescentes que cuidam da proteção e manutenção do espaço verde.

O crescente interesse nos jardins urbanos comprova o poder da natureza e um espírito indomável que ainda pode ser encontrado nas cidades. Algo transformador acontece quando pessoas rodeadas de asfalto recebem terra própria e uma oportunidade de trabalhar lado a lado. Eles unem sua alma à terra e cultivam uma comunidade. Um empregado do Departamento de Parques de Boston colocou, “Na paisagem urbana, não existe, provavelmente, melhor entrosamento…do que lotes adjacentes de três metros quadrados, onde culturas se misturam, os mais velhos reinam, e todo mundo está, silenciosamente, acompanhando o progresso dos outros com muito respeito.” Vitor, um jardineiro de Roxbury, eloqüentemente compartilha o que inúmeros outros sentem, “Eu nasci no campo. Amo o cheiro da terra, o cheiro da grama, que me mantém vivo. Gosto de plantar, de observar algo crescer. Me ajoelho na terra e pego uma mão cheia. Isso é natureza; isso é algo que não pode ser copiado; isso é obra de Deus e eu sinto prazer nisso.
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Fonte: Resurgence, número 176 de 1997. Betsy Taylor é diretora do Merck Family Fund nos EUA.

Jardins urbanos da América – Betsy Taylor


Hortas lançam raízes nas cidades

01/04/2010

por Enrique Gili

San Diego, EUA, 12/08/2009, (IPS) – Terrenos baldios e outras áreas abandonadas são transformadas em hortas em cidades dos Estados Unidos, enquanto seus habitantes aprendem o vocabulário próprio da literatura alimentar.

Problemas econômicos e temores levaram muitos lares norte-americanos a fazerem estas perguntas básicas: “de onde vem nossa comida?” e “como a pagamos?”. A horta New Roots (Novas Raízes), em San Diego, Estado da Califórnia, é parte de uma experiência nova por parte de ativistas alimentares, que buscam cariar uma agricultura sustentável dentro dos limites da cidade.

Sob a órbita do Comitê Internacional de Resgate, uma organização sem fins lucrativos que trabalha com refugiados em todo o mundo, a comunidade de imigrantes de City Heights iniciou uma horta urbana para os moradores do lugar. Inaugurada em meados de julho, a Horta Comunitária New Roots é um terreno nunca antes cultivado e que ocupa nove hectares municipais. Tem potencial para complementar a alimentação de centenas, ou milhares, de pessoas pobres que vivem na Grande San Diego.

A horta foi inaugurada após quase quatro anos de negociações com agências locais e federais. “Demoramos muito tempo para ter acesso a esta terra”, disse Amy Lint, coordenadora de segurança alimentar do Comitê Internacional de Resgate, falando do esforço para obter as autorizações necessárias. Os fundadores esperam que esse trabalho sirva como exemplo do que se pode fazer em um ambiente urbano. Inclusive pequenas áreas podem ser surpreendentemente produtivas nas mãos de agricultores experientes.

Muitos participantes recebem alguma forma de ajuda federal destinada a famílias que vivem na pobreza. “As pessoas daqui não tem três refeições por dia”, disse Lint, afirmando que o Comitê considera que a horta é uma oportunidade para que os recém-chegados sobrevivam e prosperem. “Estas experiências ajudam os refugiados a se integrarem à sociedade e melhorar sua nutrição, junto com as oportunidades de emprego que podem surgir ao trabalhar em uma horta de pequena escala. A melhor maneira de apoiar os membros desta iniciativa é ajudá-los a cultivar por si mesmos”, destacou. Muitos chegaram fugindo de zonas conflitivas, expulsos de suas pátrias em períodos de guerra civil e violência extrema. Trabalhada por birmaneses, cambojanos, guatemaltecos e somalianos de origem bantu, entre outros, a horta representa um microcosmos. A maioria deles pertence a comunidades étnicas marginalizadas que viveram em sociedades rurais organizadas, em clãs e famílias.

“Somos agricultores”, disse Hamadi Jumale, diretor de saúde mental e porta-voz da Organização da Comunidade Somaliana Bantu de San Diego, Bilali Muya é diretor da New Roots e ativista comunitário. Seu mundo se desfez em 1991, quando estourou a guerra civil na Somália, fugiu para o Quênia. Acabou se reunindo com seus pais e foi para um acampamento de refugiados, onde o ajudaram a chegar aos Estados Unidos. Antes da guerra civil, os bantus eram a coluna vertebral da região agrícola da Somália.

Levados ali para trabalhar no século XVIII, sua presença nesse país foi um legado duradouro do comércio árabe de escravos, que os marcou como marginalizados culturais e étnicos.

Após quase uma década de luta, o Departamento de Estado norte-americano reconheceu a situação dos bantus somalianos, concedendo-lhes o status de refugiados. Em 1999, funcionários da Organização das Nações Unidas começaram a coordenar seu traslado do acampamento do Quênia para os Estados Unidos, onde cerca de 12 mil foram assentados.

Uma horta diferente

Uma tarde de final de verão, o sol ilumina uma paisagem árida que está longe de lembrar um jardim, em uma parte da cidade que o departamento de turismo evita mencionar. Os aviões voam baixo, em meio ao barulho constante do tráfego.

A horta é uma obra em construção. Oitenta parcelas de 3×6 metros foram destinadas a quatro grupos de imigrantes. O restante foi distribuído entre os habitantes do lugar. Atualmente, as hortas estão sob cuidados de amigos e familiares, que fazem o necessário para que o solo seja produtivo. Ainda falta colocar pedras em boa parte do terreno. Mas, há animadores sinais de vida, com vegetais onde antes existia uma terra deserta.

Muya acredita que a horta dá um objetivo à comunidade somaliana bantu, vinculando as 400 famílias que vivem em San Diego com seu passado agrícola e lhes dando esperanças no futuro. “Estamos aqui para construir nossas vidas e as de nossos filhos”, disse Muya, enquanto se dirigia ao hospital para ver sua mulher e o filho recém-nascido. Mas New Roots é uma pequena parte da equação agrícola geral. As histórias pessoais dos que estão comprometidos com o movimento alimentar, como os somalianos bantus, incentiva os ativistas. Assim, foram propostas reformas ao cultivo e à distribuição dos alimentos, ou a implementação de créditos para reduzir emissões de carbono e várias iniciativas para que as famílias pobres tenham acesso a produtos frescos.

O governo federal age em algumas áreas do sistema alimentar. Segundo estatísticas de 2008 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, 753 mercados agrícolas de todo o país aceitaram cupons em troca de alimentos, o que representa aumento de 34% em relação ao ano anterior. Embora a porcentagem de reembolsos seja muito pequena em comparação com os ganhos gerados nos mercados agrícolas, estes aumentaram de aproximadamente US$ 1 milhão em 2007 para US$ 2,7 milhões no ano passado.

Quanto à reforma política real, o cultivo nas cidades também ajuda a promover uma agricultura sustentável nas esferas mais altas. Os ativistas alimentares estavam eufóricos em março, quando a primeira-dama, Michelle Obama, iniciou sua horta orgânica no jardim da Casa Branca. “Sabemos que o que fazemos tem apoio nos níveis mais altos”, disse Gail Feenstra, especialista em sistemas alimentares da Universidade da Califórnia em Davis.

(IPS/Envolverde) (FIN/2009)

Hortas lançam raízes nas cidades – Enrique Gili – IPS